Dezesseis, A Estrada da Morte (Part 3) – Simone Pesci
Parte 3 ..
suspiros .. e mais suspiros ..
ai Johnny ..
Copyright ©2015 – Todos os direitos reservados
Produção Editorial: Simone Pesci
Capa: Décio Gomes
Diagramação: Gisele G. Garcia
Revisão: Angie Stanley
Editora: Tribo das Letras
ISBN: 978-85-5560-010-4
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, transmitida e
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sem a prévia autorização, por escrito, da Autora.
3
MAÇANTE, PORÉM, PRAZEROSO
MAÇANTE, PORÉM, PRAZEROSO
“Todos os dias
quando acordo, não tenho mais
o tempo que passou, mas tenho muito tempo.”
(Trecho da canção: Tempo Perdido – Legião Urbana)
o tempo que passou, mas tenho muito tempo.”
(Trecho da canção: Tempo Perdido – Legião Urbana)
Faltavamquinze minutos para as sete da manhã. Eu
ainda me encontrava sonâmbulo, em frente ao colégio São Leopoldo.
— Hei, Brow, você por aqui? — Julius cumprimentou-me, dando um suave soco em meu
braço.
—Brow, vou ao menos tentar fazer uma coisa certa na
vida! —fui breve
na resposta.
Aquele não era o lugar no qual ansiava estar. No
entanto, tinha de cumprir com a promessa que fizera para minha mãe.
— Vamos entrar, Brow!
O sinal já tocou. —alertou-me Julius, socando meu braço por mais uma vez.
Eu considerava o colégio um tanto quanto maçante, e
por isso, não aparecia por lá há algum tempo. Só de pensar em ficar por horas
em uma cadeira, escutando ladainhas que não faziam sentido algum, eu entrava em
pânico. Da próxima vez, eu pensaria muito antes de fazer qualquer promessa a
minha mãe.
— Até mais, Brow!
—despediu-se Julius, seguindo em direção à sua sala
de aula.
Olhei para os lados e agradeci mentalmente por não
esbarrar com mais ninguém conhecido; havia passado dos limites na noite
anterior, quando meus amigos estiveram em minha casa, comemorando o meu
aniversário, degustando alguns petiscos, tomando algumas cervejas e falando
bobeiras aleatórias.
—Brow, só cerveja não vira! —lembrei-me das palavras de Janjão
na noite passada.
— Pessoal, cerveja é só o que vai virar aqui! Depois
que cantarmos parabéns, iremos para algum lugar dar um tapa, ok?—foram minhas palavras antes de partirmos para mais uma noitada regada à
maconha.
Peguei-me fora de área, fitando o
nada, ainda no corredor do colégio, lembrando-me da noite passada e tudo o que
havíamos aprontado, quando estávamos comemorando o meu aniversário, em casa, ao
lado de mamãe.
— E aí, gostoso! —Vicky falou em alto e bom som para que os poucos
que estavam por perto, ouvissem.
Bufei em exaustão, e com certa indiferença, rebati:
— Preciso entrar, Vicky! Depois nos falamos. —tentei desvencilhar-me.
Entrei na terrível sala de aula da qual certamente,
em menos de cinco minutos, faria com que eu caísse em um sono profundo.
Sentei-me na cadeira, e segundos depois, avistei-a — e novamente
perdi o fôlego.
— Desculpe-me, professor... Ainda posso entrar? —perguntou o anjo em meio à monotonia que me
consumia.
Em meu devaneio momentâneo, agradeci por ter feito
aquela promessa à mamãe, pois, se não
houvesse prometido voltar a frequentar as aulas, decerto não esbarraria com o
anjo, em plena manhã de segunda-feira. Eu tentava respirar normalmente, porém,
notei que meu coração antecipou-se em suas batidas, e por pouco não saltou para
fora do peito.
— Dona Ana Cláudia, por favor, tente não se atrasar
mais. —disse o
professor, fazendo um sinal com a mão para que ela adentrasse na sala de aula.
Ela sentou-se duas cadeiras à frente, na fileira ao
lado, fazendo com que eu perdesse toda a concentração. Eu sequer conseguia
olhar para outra direção. Repentinamente, ela fitou-me de canto, com surpresa.
Porém, instantes depois, demonstrando certo desdém, virou-se em direção ao
professor... Nas próximas horas, a única matéria pela qual eu conseguiria me
concentrar chamava-se: Ana Cláudia.
O tempo correu corriqueiramente, e pela primeira
vez, ansiava em lutar contra os minutos dentro de uma sala de aula. Queria
ficar mais tempo ao seu lado.
— Até amanhã, pessoal! —despediu-se o professor, finalizando as aulas do
período da manhã.
Eu tentei ser tão rápido quanto ela, seguindo-a.
Mas assim que ela cruzou a porta da sala de aula, notei uma mão puxando-a pelo
braço. Aquele era o mesmo cara que visualizei ao seu lado, na colina.
—O que você está olhando, panaca? —perguntou o playboy.
—Samy, por favor, solte-me! —balbuciou Ana.
— Só vou atender o seu pedido porque estou atrasado
para o treino. —oplayboy soltou-a com
rispidez.
Continuei em meu canto, apenas admirando-a. Foi
quando avistei-a sozinha, entrando no banheiro. Fiquei instigado com aquela
propícia oportunidade, porém, segundos depois, deparei-me com Vicky
procurando-me. Então me escondi à minha maneira (um tanto desajeitado), atrás
de uma pilastra, para que Vicky não me enxergasse por ali. Aquela era a minha “deixa” para aproximar-me do anjo.
—A-I–M-E-U–D-E-U-S!
—escutei um grito abafado, vindo de dentro do
banheiro feminino.
Entrei sem pestanejar, ficando frente a frente com
ela, perdendo o fôlego mais uma vez, deixando-a assustada. Ela transparecia
preocupação, como se fosse uma estátua, logo à minha frente. Eu, por minha vez,
agradeci em pensamento por estarmos a sós dentro naquele cômodo nada propício.
— O que aconteceu? —perguntei encarando-a.
Ela apenas apontou para dentro de uma das cabines e
disse:
—B-A–A-R-A-A-A–T-A!
—falou pausadamente.
— Calma! Não precisa entrar em pânico. —tentei contornar a situação entrando na cabine.
Escutamos uma voz feminina, ainda no corredor do
lado de fora. E sem pensar, arrastei-a para junto de mim, para dentro da
cabine, trancando de imediato a porta.
— Você confia em mim? —perguntei fitando-a intensamente.
Ela encarou-me com admiração, porém, ainda com medo
de que a barata estivesse por lá. Segundos depois assentiu com a cabeça,
enfatizando com um “sim”. A cabine do
banheiro era o menor metro quadrado do qual eu já estivera, fazendo com que
ambos tivéssemos dificuldade em locomovermos lá dentro.
— Fique em silêncio! —sussurrei com os meus lábios bem próximos aos seus.
— Mas e a B-A-A-R-A-A-A-T-A?
—ela sussurrou, quase que inaudivelmente.
— A barata é nosso menor problema agora, anjo... — disse, encostando em seus lábios.
Escutamos a mesma voz de segundos atrás, acredito
que já na porta do banheiro feminino, perguntando:
— Tem alguém por aqui?
Aqueles foram segundos mágicos, eu estava colado ao
seu corpo, e nossas respirações estavam ofegantes, fazendo com que nossos
lábios se encostassem um no outro. Eu perdi a noção de tempo e lugar.
— Prazer, eu me chamo Johnny! —apresentei-me.
— Eu me chamo Ana Cláudia. —seu hálito quente me entorpeceu.
Estar
daquela forma ao seu lado, era surreal, pois ao mesmo tempo que perdia o
fôlego, sentia necessidade de beijá-la. Porém, por um milésimo de segundo, caí na real, me dando conta que beijá-la não
seria a melhor forma de aproximação, pois, decerto, ela se assustaria.
— Acho que já podemos sair daqui, Johnny! —sua voz parecia um soneto, em quatorze versos,
feito especialmente para mim.
Ela encostou-se ainda mais contra meu corpo para
sair daquele minúsculo metro quadrado. Contudo, continuei pressionando-a contra
a parede da cabine.
— Você está me seguindo? —perguntou-me, incrédula.
Eu teria que ser rápido e certeiro. Desta forma,
sem hesitar, menti:
— Não! Eu estava passando pelo corredor quando ouvi
um grito. —tentei enganá-la
com a minha mentira.
Ela olhou-me confusa, como se quisesse me perguntar
algo. Eu, por minha vez, apenas admirava-a, com seu jeito sereno de ser, bem
diferente do que estava acostumado a presenciar, ao lado de Vicky.
— Você é o cara da garrafa de vodca na colina?
Aquele que parecia estar indo ao meu encontro para me dar uma surra? —bradou em tom surpreso.
Segundos depois, do lado de fora, ouvimos a mesma
voz feminina de instantes atrás. Sem hesitar, pressionei-a ainda mais contra o
meu corpo, foi quando senti sua mão direita sobre minha jaqueta jeans, na
direção do meu coração.
— Oh, Deus! Eu devo estar ficando maluca mesmo. —disse a voz indecifrável, na porta do banheiro,
evaporando-se segundos depois.
—Shhhhh...— sussurrei em seu ouvido.
Estávamos tão próximos, tentando não sermos pegos
por aquela peripécia do acaso. Ela tinha um perfume floral que fazia com que eu
me teletransportassepara outro planeta.
— Anjo, eu nunca te daria uma surra. —respondi sua pergunta de minutos atrás, com um
beijo quente e inesperado.
Aquele beijo fez-me ir às alturas. Nossos lábios
juntaram-se com querer, fazendo com que nossas línguas entrassem em um combate
de prazer — e a cada
segundo degustando seu beijo, enlouquecia ainda mais. Enlouqueci com o som de
nossas respirações ofegantes e até mesmo pude sentir ambos corações batendo em
um só ritmo. Por impulso, acariciei com uma de minhas mãos sua pele suave como
seda, percorrendo-a pelo seu corpo, pressionando ainda mais os nossos corpos,
erguendo-a pelas coxas sobre a parede da cabine, pressionando a minha ereção em
seu sexo.
— Seu imbecil! —estapeou-me com força no rosto, saindo às pressas
da cabine.
Eu estava túrbido com o que acabara de acontecer, e
tentei me recompor antes de ficar frente a frente com ela, mais uma vez. Ela
estava já fora da cabine, ajeitando suas vestes e seus cabelos, e assim que me
viu saindo da cabine, bradou:
— O que te fez pensar que poderia me beijar desta
forma? —indagou-me
com fúria nos olhos.
— Eu não pensei, apenas fiz! —sorri de canto, sendo sincero na resposta.
Ela ainda me encarava nervosa, e com uma de suas
mãos na cintura rebateu:
— Você acha mesmo que eu tive vontade de ser beijada
por você? —perguntou ainda mais alterada.
Eu reforcei o meu sorriso de canto, e provocando-a,
dando uma breve piscadela, respondi:
— Anjo, se aquilo não foi vontade, então,
sinceramente, não sei qual definição para tal feito! —soltei as palavras em tom provocativo.
— Seu abusado! —ela pegou sua mochila, em seguida empurrou-me e
saiu porta afora.
Eu ainda estava estupefato, e mal conseguia andar
sobre os meus próprios pés. Contudo, sentei-me no chão gélido do banheiro, e
por alguns minutos fiquei em transe, pensando no que acabara de acontecer...
Aquela era uma nova, entorpecente e deliciosa sensação, algo um tanto estranho
para o bam-bam-bam do colégio, ou seja, o pegador do país.
Na verdade, apesar do rótulo de pegador, havia uma
coisa que poucos sabiam... Eu desfrutara da minha vida sexual em minudência,
pois até então tivera apenas duas experiências sexuais, sendo que a primeira
foi com uma ex-vizinha (mais velha) e
a outra comVicky.... Eu perdi minha
virgindade aostreze anos, e tive uma professora e tanto... Ela ensinou-me tudo
o que uma mulher desejava na cama, até que minha mãe descobriu e fez o maior
barraco da história, ameaçando-a verbalmente (e também judicialmente) por
seduzir um menor, fazendo com que ela partisse, envergonhada, e às pressas da
cidade. Depois disso, envolvi-me com a Vicky, que, de certa forma,
surpreendeu-me, pois era tão (ou até mais) experiente do que minha super-vizinha-professora-de-anotomia.
Ainda sentado no chão gélido do banheiro feminino,
agradeci em pensamentos por ninguém adentrá-lo, e, com cuidado extremo,
desvencilhei-me de qualquer nova peripécia do acaso. Saí do banheiro tentando
não chamar atenção, afinal de contas, não era nada normal um homem frequentar o
banheiro feminino. Foi quando deparei-me com Ana Cláudia do lado de fora do
colégio. No entanto, agora, estava com playboy
marombado ao seu lado.
— Foi um prazer, gata! —falei em alto e bom som, dando mais uma piscadela
em sua direção, entrando em seguida no meu Trovão.
Ana encarou-me assustada. Desta forma, fez com que
eu caísse no riso, deixando o playboy
com o semblante ainda mais preocupado e furioso. Segundos depois, notei que ele
iniciara um tipo de inquérito pessoal, deixando-a desconfortável.
Ansiando em provocá-lo, acelerei o meu Opala a
metros de distância, fazendo com que eles direcionassem a atenção na direção em
que eu estava, foi quando passei próximo a eles, ainda acelerando em alto e bom
som, fazendo o ronco do motor acordar até mesmo outra cidade e, alguns metros a
frente, olhando através do retrovisor, avistei o marombado segurando-a com
brutalidade pelo braço, foi quando, sem pensar, dei ré com o carro, ficando ao
lado dos dois:
— Solte-me, seu bruto! —escutei o anjo bradar.
Encarei-os, ainda dentro do meu Trovão.
— Vaza daqui, seu filho da puta! —disse o playboy,
cuspindo as palavras e apontando o seu dedo indicador em minha direção.
Em contrapartida, provocando-o, mostrei-lhe o meu
dedo do meio, partindo segundos depois com o meu Trovão e ainda na saída do
estacionamento do colégio, avistei o anjo afastando-se dele, seguindo sozinha
e, a pé rua afora.
— O anjo aceita uma carona? —assustei-a com a minha pergunta, em uma viela
próxima ao colégio.
— Eu não estou vendo anjo algum aqui, e se você
queria encrenca, eu o parabenizo, pois você conseguiu. —disse com o humor alterado.
Ela apertou os passos, tentando se esquivar. Eu,
por outro lado, sincronizei meu Trovão junto a ela, alcançando-a, ficando por
mais uma vez ao seu lado.
— Eu apenas ofereci uma carona, princesinha de gelo.
—provoquei-a.
Fiquei satisfeito ao constatar que havia conseguido
o que tanto queria: sua atenção.
— Aceita ou não a minha carona, boneca? —arqueei a sobrancelha direita, olhando-a nos olhos.
— Você me chamou de princesinha de gelo? —perguntou furiosa.
— Bom, ao menos tenho a certeza de que você escuta
bem. —continuei
provocando-a, na intenção de continuar tendo sua atenção.
Ela também arqueou sua sobrancelha direita e, a
contragosto, disse:
— Seu imbecil! Saiba que pra você é exatamente isso
que serei... Uma princesa de gelo. —seus olhos estavam arregalados.
— Anjo, sinto lhe informar, mas eu tenho um poder
sobrenatural, e consigo derreter até mesmo o mais resistente iceberg. —zombei de sua cara.
Ela deixou-me no vácuo, soltando fogo pelas ventas,
apertando os passos e pegando um atalho diferente, fazendo com que eu a
perdesse de vista.
Aquela não era a melhor forma de abordagem.
Tentaria, a toda custo, convencê-la a pegar uma carona comigo, afinal de
contas, ela era a razão de tudo, principalmente para eu continuar frequentando
aquelas maçantes aulas que tanto repudiava — e por isso, o meu empenho em conquistá-la estava
apenas começando.
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